Uma das queixas mais comuns que trazem mães preocupadas aqui no consultório é uma dor que não está relacionada a nenhuma doença, independente da sua gravidade.
A essa condição se deu o nome de “dor do crescimento” e apesar de não haver nenhum tipo de comprovação científica de causa ou relação com o crescimento da criança, ela é descrita na medicina há séculos, com relatos desde a Grécia Antiga!
Para tirar as dúvidas sobre esse problema, o Dr. Guilherme Damiani, nosso especialista em Ortopedia pediátrica aqui da NEO, separou algumas das perguntas mais frequentes e vai respondê-las:
- A dor do crescimento realmente existe? Por que as crianças a sentem?
Não há indício científico que ligue as dores ao crescimento. Sua origem, também, não é totalmente conhecida. No entanto, a dor das crianças é BEM verdadeira! Existem crianças que chegam a acordar em função da dor, que pode estar associada a hipermobilidade articular (articulações mais flexíveis), maior sensibilidade, estresse, problemas de sono e histórico familiar de dor.
- Quais são as regiões mais afetadas?
A dor é mais comum nas pernas e nos pés e costuma surgir no fim da tarde ou início da noite. Pode ocorrer, também, nas virilhas, coxas e joelhos. É menos comum nos braços, mãos e costas, mas existem crianças que relatam dores nessas áreas também. Na maioria dos casos, é bilateral (ocorre dos dois lados do corpo). E existem, ainda, os casos de dores difusas, em que a criança não consegue indicar o local exato da dor.
- Com quantos anos a criança sente a dor do crescimento?
É mais comum entre 5 e 10 anos. Existem casos raros que meninas podem sentir dores até a pós-adolescência.
- Por quanto tempo a criança sente a dor?
Pode durar meses ou até mesmo anos. E ela vai e vem. Algumas crianças podem ficar até semanas sem dor, e de repente relatarem novamente. Normalmente, os episódios são curtos, contudo, existem crianças que se queixam por até duas horas. Os pais devem ter atenção especial para uma dor que é fraca, mas que ganha intensidade muito rapidamente.
- Quando a dor pode significar algo mais sério?
A dor do crescimento não abala a criança a ponto dela perder o apetite e ter queda no desempenho de suas atividades, como na escola, e não interfere na rotina diária. O mais importante é que a dor do crescimento não manifesta NENHUM outro sintoma, como inchaços, vermelhidão, formigamento, dormência ou calor no local. Caso seu filho apresente qualquer outro desses sintomas, é preciso procurar ajuda médica imediatamente.
- O que fazer para aliviar os sintomas?
Muitos pais falam que dar atenção e carinho já bastam para que os sintomas sejam aliviados. Porém, não custa dar uma ajuda com bolsas de água quente e manter a criança confortável e aquecida. Na maioria dos casos, os sintomas regridem espontaneamente, por isso, os pediatras evitam prescrever medicamentos.
- É possível evitar o problema?
A dor do crescimento está associada ao impedimento da musculatura de relaxar, portanto evite que a criança passe por situações de brigas, bullying, estresse agudo. Exercícios físicos muito intensos e agressivos também devem ser evitados, assim como ambientes muito frios. A natação tem se mostrado a melhor atividade física para crianças em fase de crescimento.